Pré-venda: envio na primeira quinzena de outubro
Existem coisas escondidas na terra
de Silvia Bre
Seleção, apresentação e tradução: Patricia Peterle
"São corpos deitados debaixo do mais antigo pé de oliveira os que Silvia Bre nomeia, como se fosse a primeira do mundo. Corpos imersos na natureza do verão que pouco a pouco, lentamente, recolhe da terra o próprio destino e recolhe a si mesma sob o próprio destino de acabar. Do mesmo modo, a poeta reúne, um por um, em sua obra, os mais significativos exemplares da nitidez necessária à palavra para traduzir os mundos, visíveis e invisíveis, que habitam aqueles que a pronunciam. Mas todos, não somente quem escreve, mas qualquer um que esteja vivo, porque o que Bre escreve para lembrar os soterrados na mina chilena de San José de Copiapó parece valer para todos os habitantes da vida “é como se o que dizemos / fosse o que roga para ser dito / para ficar ao redor / como uma estação”. Usar a palavra é, então, também satisfazer uma necessidade do mundo fora de nós e, talvez, fora do mundo ao qual estamos acostumados e que chamamos de mundo e nos conforta.
Voz, canto e palavra são também um peso que impede a ideia, que por sorte e intuito interceptamos, de voar em sua substancial transparência. Porque precisamos de códigos e traduções para nos entendermos ¾ códigos que, de qualquer forma, são sempre insuficientes para traduzir tudo o que resta “algemado na garganta”, e Bre condensa na palavra “céu”.
A bela seleção aqui reunida move-se entre a leveza e o peso, entre a materialidade da abstração e a abstração da matéria. É um equilíbrio frágil, encantado, um ousar muito bonito, que pede confiança para quem lê, para continuarmos juntos lá onde o mundo não é mais mesmo mundo e, por isso, o é mais, porque está inteiro, finalmente, enquanto durar a companhia humana." Maria Grazia Calandrone
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Silvia Bre nasceu em Bergamo, em 1953, e vive em Roma. Publicou seu primeiro livro de poemas, I riposi (Rotundo), em 1990, ao qual se seguiram as coletâneas Le barricate misteriose (Einaudi, 2001), Sempre perdendosi (Nottetempo, 2006), Marmo (Einaudi, 2007) e La fine di quest’arte (Einaudi, 2015), pelas quais recebeu diversos prêmios literários. Com seu livro mais recente, Le campane (Einaudi, 2022), foi finalista da primeira edição do Prêmio Strega Poesia. Traduziu diversos autores e autoras de língua inglesa, como Emily Dickinson, Robert Frost e Alice Walker. Seus poemas estão traduzidos para várias línguas e a antologia Existem coisas escondidas na terra é sua primeira publicação no Brasil.
Tradutora:
Patricia Peterle (1974) nasceu em São Paulo, cresceu no Rio de Janeiro e mora em Florianópolis. É poeta, crítica literária, tradutora e professora de literatura italiana na Universidade Federal de Santa Catarina. Atua também na Pós-graduação em Língua, Literatura e Cultura Italianas da Universidade de São Paulo. Seu último livro de ensaios é À escuta da poesia (Relicário), e os dois de poesia são Perdi o peão, mas aceito jogar (Quelônio) e Quando a língua bate (7Letras).
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ISBN: 9788593478406
Ano: 2025
Formato: 14x21
Número de páginas: 88
Edição bilíngue
Edições Jabuticaba é uma pequena editora voltada para a boa literatura. Floresce interessada em divulgar novos autores e a traduzir poetas e prosadores clássicos e contemporâneos que gostaríamos de ver em circulação no Brasil.