Pequeno inventário dos meus erros
Tradução: Marcelo Lotufo
Segundo a crítica Beatriz Vignoli, “Pavón centra estas breves autoficções naquilo que lhe falta. Ou melhor, naquilo que era suposto fazer e não fez: o romance que não escreveu, a carreira de artista contemporâneo internacional que não seguiu, a fortuna que não acumulou e a erudição musical culta que não adquiriu. Como se fosse possível (e, além disso, um dever) ter tudo isso ao mesmo tempo. Tenta, faz mal e, assim, distancia-se dos ideais absurdos da classe média e afirma a sua genuína vocação de poeta”. E seguindo sua vocação, neste breve livro sobre suas faltas, ou seus erros, Cecilia Pavón segue cativando os leitores com uma curiosa proximidade: suas vozes e seus personagens são poetas, artistas, curadores, alunos e professores de oficina literárias, além, claro, de diversos leitores. E, por que não, também é personagem o próprio texto que se escreve, que é ao mesmo tempo uma outra e a mesma chave dos seus poemas.
Trecho: “Agora que os anos se passaram, me dou conta de que escrever, o que chamam de escrever, eu jamais escrevi. O que eu fiz direitinho foi uma pose perfeita e bonita (strike a pose, como diria a Madonna). A escrita nunca surgiu para mim na forma de essência ou fagulha, nunca senti a eletricidade das letras deslizando das minhas veias até o papel para incendiá-lo. É triste, porque já é tarde, e não publiquei nenhum romance, além deste pequeno inventário dos meus erros, que tenta humildemente ser uma desculpa ou a entrada para outra dimensão”. (Do conto “Rap freestyle”).
SOBRE A AUTORA
Cecilia Pavón nasceu em Mendoza, na Argentina, em 1973. Entre poemas e contos, já publicou mais de 10 livros, tais como ¿Existe el amor a los animales? (2001), Caramelos de Anís (2004) e Un hotel con mi nombre (2012). Junto com Fernanda Laguna criou em 1999 o coletivo, galeria e selo editorial independente Belleza y Felicidad. Pelas Edições Jabuticaba publicou a antologia de poemas Discoteca Selvagem, em 2019.
SOBRE O TRADUTOR
Marcelo Lotufo é professor, escritor, tradutor e editor. Para as Edições Jabuticaba traduziu Sotto Vocce e outros poemas, de John Yau, Que tempos são estes, de Adrienne Rich, e Os elétrons (não) são todos iguais, de Rosmarie Wadrop. Publicou textos e ensaios em diferentes revistas, como Pessoa, Rascunho e Suplemento Pernambuco, além do volume de contos cada um a seu modo (Edições Jabuticaba, 2020).
isbn: 9788593478277
Ano: 2024
Formato: 11x18
Número de páginas: 76
Edições Jabuticaba é uma pequena editora voltada para a boa literatura. Floresce interessada em divulgar novos autores e a traduzir poetas e prosadores clássicos e contemporâneos que gostaríamos de ver em circulação no Brasil.