Paulo Tavares
As primeiras metáforas – I
Houve um ser,
anterior a estes e ao abismo.
Chovia. O ser apontou
o céu e disse «olha como
as nuvens choram». Foi o primeiro.
As palavras eram ainda leves
e, naturalmente, era também possível
dizer coisas belas e imprevistas
como um relâmpago.
"O resgate da linguagem – e, no limite, da poesia – fica evidente na resposta dada pelo poeta à pergunta que ele próprio formula no poema “Fôlego Híbrido”, ao se indagar “quanto vale a visão de um futuro ou toda a duração/ de um poema, se já pouco resta da inocência,/ e se nada preserva o fôlego híbrido dessas crianças/ que correm – e gritam – pelas cidades queimadas/ antes de extinguirem”, e a resposta é: “um valor simbólico”.
Um valor simbólico, reconhecemos, é uma potente definição da poesia. Se há linguagem, por mais escassa e gasta que se apresente, ainda há símbolos; e, se há símbolos, há literatura – a possibilidade do gesto literário não apenas como uma reação, mas também uma afirmação, algo que por um momento afasta a morte ao passar de coração em coração." (Daniel Francoy)
SOBRE O AUTOR
Paulo Tavares nasceu em Lisboa em 1977. Publicou, até ao momento, quatro livros de poesia: Pêndulo, 2007, Quasi Edições; Minimal Existencial, 2010, Artefacto; Linhas de Hartmann, 2011, &etc; Capitais, 2012, EA. É o criador e coordenador do Reverso – Encontro de Autores, Artistas e Editores Independentes, bem como do Colectivo Prisma, uma plataforma dedicada a estabelecer pontes entre a Literatura, o Teatro e o Cinema. É também professor e tradutor, tendo traduzido vários livros nas áreas do ensaio, da economia política e da ficção. Encenou as peças de teatro Uma Rua em St. Louis (2015) e Desmaterialização (2018). Está atualmente a terminar uma tese de doutoramento na área dos Estudos Literários. Em 2010, fundou a Artefacto, uma editora dedicada sobretudo à publicação de poesia.
isbn: 9786500428025
Ano: 2022
Formato: 14x21
Número de páginas: 72
Edições Jabuticaba é uma pequena editora voltada para a boa literatura. Floresce interessada em divulgar novos autores e a traduzir poetas e prosadores clássicos e contemporâneos que gostaríamos de ver em circulação no Brasil.