Uljana Wolf
Tradução: Douglas Pompeu e Daniel Martineshen
Uljana Wolf é hoje uma das poetas e tradutoras alemãs mais originais de sua geração. Esta pequena edição, composta tanto de ciclo de poemas de seu último livro, assim como de um ensaio a respeito do multilinguismo na tradução literária, procura apresentar uma amostra da obra de uma autora consciente dos caminhos para criação de uma poética inventiva e sempre na corda bamba dos idiomas. O que é afinal uma língua-mãe? É o que nos perguntamos ao entrar em seus textos. E sua invenção não é de forma alguma feita por desafio, mas por necessidade de linguagem. O fato de sua poética buscar implodir o mito do monolinguismo e da afiliação linguística consiste na defesa da existência do “outro” dentro das línguas, ou melhor, dos muitos outros que ali se encontram.
"A literatura – e a poesia em particular – não conhece filhos puros. Pela minha própria experiência poética sei que o momento no qual minhas próprias palavras se tornam estrangeiras para mim, o momento no qual começo a perceber minha língua como algo que, como vapor ou molas tensionadas, me envolve de várias formas diferentes, indefinível, esse momento é o começo da escrita."
matriochkas
se você nos abrir uma filha pra fora salta
e da escancarada filha salta uma outra
menor ainda e assim até a última ela é dura
e sem sutura e se a partir daqui você nos
encaixar uma dentro da outra verá nossa
horda que cada mãe era sua própria mãe
SOBRE A AUTORA:
Uljana Wolf, nascida em Berlim em 1979, é poeta e tradutora. Publicou quatro volumes de poesia e várias traduções de poesia do inglês, polonês e bielorrusso. Entre outras obras, ela traduziu volumes de poesia de Christian Hawkey, Eugene Ostashevsky, Valzhyna Mort, Don Mee Choi e, mais recentemente, Autobiography of Death de Kim Hyesoon, juntamente com Sool Park, do coreano. A poesia e as traduções de Wolf foram homenageadas com premiações renomadas como, entre outras, o Prêmio Adelbert von Chamisso em 2016, o Prêmio de Arte de Berlim em 2019 e o Prêmio da Cidade de Münster para Poesia Internacional em 2019 e 2021. Sua coletânea de ensaios sobre tradução e poesia, Etymologischer Gossip, do qual saiu o ensaio que acompanha estes poemas, foi publicada em 2021 e recebeu o prêmio da Feira do Livro de Leipzig em 2022. Seu último livro de poesias, muttertask, ao qual pertence este ciclo de poemas “Matriochkas”, foi publicado em 2023.
SOBRE OS TRADUTORES:
Douglas Pompeu (1983-) vive em Berlim como tradutor e autor. Publicou em 2022 habeas corpus: 12 sonetos e uma ode pública. Atualmente, trabalha em seu primeiro livro de poemas em alemão fiktionsbescheinigung. Desde 2017 faz parte da redação da revista literária alba.lateinamerika lesen. Traduziu para o português obras de Jan Wagner, Marcel Beyer, Arno Holz e Kurt Schwitters.
Daniel Martineschen (1981-) traduziu, entre outros, as biografias Sabina Spielrein, de Sabine Richebächer; Béla Guttmann. Um gênio do futebol do século XX, de Detlev Claussen, e o romance Travessia, de Anna Seghers. Sua tradução do Divã ocidento-oriental, de Goethe, foi laureada com o prêmio Jabuti de 2021 na categoria “Tradução”. Desde 2019 é professor de língua e literatura de língua alemã e tradução na UFSC em Florianópolis.
isbn: 9788593478383
Ano: 2025
Formato: 14x21
Número de páginas: 52
Edições Jabuticaba é uma pequena editora voltada para a boa literatura. Floresce interessada em divulgar novos autores e a traduzir poetas e prosadores clássicos e contemporâneos que gostaríamos de ver em circulação no Brasil.